terça-feira, maio 15, 2007
Cinema e Audiovisual
A partir de hoje vou tentar começar a escrever um pouco sobre cinema. Começo por publicar uma crítica que enviei ao Público sob o pseudónimo de Federico Visconti! Já que com o meu nome elas são liminarmente recusadas!
De que é que falamos, quando falamos de Cinema? (aproveitando uma paráfrase de Craver)...
Moretti dá-nos uma resposta eficaz. Qual o lugar do cinema hoje. E mostra à saciedade qual é (em que se tornou) o poder do Audiovisual. Inclusive, o que pode permitir hoje o controlo dos media: acesso directo à poltrona de Presidente do Conselho de Ministros!
O filme dentro do filme é a metáfora da Itália actual. O poder da imagem, a construção de um império, o anti-comunismo serôdio de Berlusconi; o culto da realização económica e o ataque às instituições do Estado que ainda podem defender a Constituição.
Mas essa é a análise política do cineasta-cidadão.
A história do produtor de cinema é um bela homenagem à Cinecittà, à História do Cinema Italiano (de algum modo) e coloca-nos perante a dúvida do futuro imediato do chamado "cinema italiano" [a propósito seria interessante que Paulo Branco (pois imagino que às 'majors' tal serviço cultural não interesse!!!) pudesse trazer até nós o cinema de novos autores como Garrone, Sorrentino e Paravidino, para além de Crialese].
Consideração final: estranha-se o atraso da exibição do filme, sobretudo pela perda de actualidade 'política' da crítica a Berlusconi - o filme saiu em Itália em plena campanha eleitoral... Contudo, pode ser que esta metáfora berlusconiana, nos faça pensar sobre o controlo dos meios de comunicação lusitanos!!!
FBR |
quinta-feira, maio 10, 2007
Liberdade e Igualdade
Está em discussão no Parlamento a Proposta de Lei do Governo que "Aprova normas para a protecção dos cidadãos da exposição involuntária ao fumo do tabaco e medidas de redução da procura relacionadas com a dependência e a cessação do seu consumo."
A minha posição já aqui foi anunciada; aliás, posts houve denominados "Ar Natural", onde explicava o porquê desse título. Isto é, entendo ser uma conquista civilizacional - e daí fracturante - a aprovação de legislação que tutele a minha saúde enquanto não fumador.
Como os poucos blogonautas que nos visitam já terão notado, há muito que não tenho escrito. Outros fóruns me têm ocupado. Daí que em Janeiro não tenha asinalado a medida salutar que o Governo francês adoptou nesta questão (daí o título deste post). Reparada a falha deixo umas notas na língua de Montesquieu, retiradas do site http://www.tabac.gouv.fr/ :
Ensemble, arrêtons le tabac
La lutte contre le tabagisme est une priorité de santé publique : un fumeur régulier sur deux meurt du tabac et 5 000 personnes sont victimes du tabagisme passif chaque année en France.
Afin de protéger les fumeurs comme les non fumeurs, le Gouvernement a décidé d’interdire de fumer dans les lieux publics, dès février 2007 pour les entreprises, les administrations, les établissements scolaires, les établissements de santé, et en janvier 2008 pour les cafés, les hôtels, les restaurants, les discothèques.
A certos defensores de uma pretensa liberdade ameaçada recomendo a leitura do link L’industrie du tabac
Quanto a Portugal, regozijo-me de estar na luta pela aprovação desta lei protectora da minha Saúde e Liberdade, ameaçadas por uma enorme falta de Educação por parte da maioria dos fumadores. Há 43 anos que sou perseguido por um fascismo libertário que atenta contra a minha integridade física. (Sei que muitas outras coisas a prejudicam, mas o óbvio não se discute. Essa(s) são outras lutas).
Do texto da Proposta do Governo retiro estas verdades incontestáveis:
O consumo de tabaco é, hoje, a principal causa evitável de doença e de morte. Segundo a Organização Mundial da Saúde morrem actualmente em todo o mundo cerca de 5 milhões de pessoas, em resultado deste consumo. Se nada for feito, morrerão anualmente, em 2030, a nível mundial, cerca de 10 milhões de pessoas.
O fumo do tabaco contém mais de 4 500 substâncias químicas, com efeitos tóxicos, mutagénicos e cancerígenos. Por outro lado, o tabaco contém nicotina – substância com propriedades psico-activas – geradora de dependência. Do consumo irregular iniciado, habitualmente, durante a adolescência ou o início da idade adulta, rapidamente se evolui para o consumo regular, difícil de abandonar sem apoio, dado o forte poder aditivo do tabaco.
Estima-se, actualmente, que o consumo de tabaco é responsável por cerca de 90% da mortalidade por cancro do pulmão, por cerca de 30% das mortes por qualquer tipo de cancro, por mais de 90% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crónica, por cerca de 30% da mortalidade por doença coronária e por cerca de 15% do total de mortalidade por doenças cardiovasculares.
Para além dos efeitos do consumo de tabaco na saúde dos fumadores activos, existe hoje suficiente evidência científica de que as pessoas expostas ao fumo ambiental do tabaco têm uma maior probabilidade de vir a contrair cancro do pulmão, doenças cardiovasculares, bem como diversas patologias respiratórias de natureza aguda e crónica.
Os locais de trabalho e outros espaços públicos fechados, constituem uma fonte importante de exposição involuntária ao fumo ambiental do tabaco, principal poluente evitável do ar interior, considerado actualmente pela OMS e outras entidades internacionais como um carcinogéneo humano do grupo 1, para o qual não há um limiar seguro de exposição.
É de referir que a exposição involuntária ao fumo do tabaco nos locais de trabalho, pode ter lugar de forma repetida e continuada durante toda a vida activa, o que agrava as consequências desta exposição. Pode também ser um factor de potenciação de outros factores de risco para a saúde e segurança ocupacional. Os trabalhadores em restaurantes, bares e discotecas encontram-se particularmente expostos, podendo apresentar níveis de exposição bastante superiores aos da população em geral.
FBR |
segunda-feira, dezembro 06, 2004
Contributos dos leitores
Por Portugal
uma imensa maioria de cidadania
Portugal vive, provavelmente, um dos piores momentos da sua História. Fomos governados, veja-se a necessidade de intervenção do Presidente da República, por políticos medíocres que colocaram Portugal na cauda da Europa e num dos cinco países mais pessimistas do mundo.
O país corre o risco de, nas próximas eleições, bater o record da abstenção, por isso, torna-se necessário a existência de um propósito comum, que se traduza num efectivo sentido de comunidade e na participação dos cidadãos, indicadores de uma democracia de qualidade, uma democracia onde todos participem e aprendam.
A construção gradual e sustentada de práticas democráticas, respeitando a participação e co-decisão, o respeito recíproco, a garantia dos direitos fundamentais, a abertura à diferença e à entreajuda pessoal e grupal, implica pôr em prática processos democráticos de escuta, expressão, negociação, resolução de conflitos, partilha de objectivos comuns, descentralização de poderes e de responsabilidades e um verdadeiro envolvimento colectivo. Tudo isto deve ser encarado como uma revalorização da democracia e um desafio que se coloca a todos.
Este propósito só será possível e eficaz se existir, por parte do poder político, a preocupação de ouvir os cidadãos, para aferição de práticas a implementar. Esta aferição evitará desperdícios do erário público e responderá às verdadeiras necessidades da população. É necessário criar estruturas em que os cidadãos participem de facto. Esta intervenção permitirá que haja maior interiorização, pois a realidade não se transforma através de um simples processo de adopção de ”boas” ideias, mas sim, como assinala Perrenoud, "pela reconstrução das representações, das atitudes, dos projectos, da própria identidade e dos valores dos actores" (1992).
A implementação de políticas de qualidade só será possível com o envolvimento de toda a comunidade. É necessário estimular práticas colaborativas e agir estrategicamente.
Por tudo o que foi exposto é essencial que o país se envolva e, portanto, importa envolver o país. Precisamos que o país mereça os políticos e que os políticos mereçam o voto do país. Não é subtraindo-nos do direito de cidadania que se constrói a identidade de Portugal.
Jesuína Ribeiro
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uma imensa maioria de cidadania
Portugal vive, provavelmente, um dos piores momentos da sua História. Fomos governados, veja-se a necessidade de intervenção do Presidente da República, por políticos medíocres que colocaram Portugal na cauda da Europa e num dos cinco países mais pessimistas do mundo.
O país corre o risco de, nas próximas eleições, bater o record da abstenção, por isso, torna-se necessário a existência de um propósito comum, que se traduza num efectivo sentido de comunidade e na participação dos cidadãos, indicadores de uma democracia de qualidade, uma democracia onde todos participem e aprendam.
A construção gradual e sustentada de práticas democráticas, respeitando a participação e co-decisão, o respeito recíproco, a garantia dos direitos fundamentais, a abertura à diferença e à entreajuda pessoal e grupal, implica pôr em prática processos democráticos de escuta, expressão, negociação, resolução de conflitos, partilha de objectivos comuns, descentralização de poderes e de responsabilidades e um verdadeiro envolvimento colectivo. Tudo isto deve ser encarado como uma revalorização da democracia e um desafio que se coloca a todos.
Este propósito só será possível e eficaz se existir, por parte do poder político, a preocupação de ouvir os cidadãos, para aferição de práticas a implementar. Esta aferição evitará desperdícios do erário público e responderá às verdadeiras necessidades da população. É necessário criar estruturas em que os cidadãos participem de facto. Esta intervenção permitirá que haja maior interiorização, pois a realidade não se transforma através de um simples processo de adopção de ”boas” ideias, mas sim, como assinala Perrenoud, "pela reconstrução das representações, das atitudes, dos projectos, da própria identidade e dos valores dos actores" (1992).
A implementação de políticas de qualidade só será possível com o envolvimento de toda a comunidade. É necessário estimular práticas colaborativas e agir estrategicamente.
Por tudo o que foi exposto é essencial que o país se envolva e, portanto, importa envolver o país. Precisamos que o país mereça os políticos e que os políticos mereçam o voto do país. Não é subtraindo-nos do direito de cidadania que se constrói a identidade de Portugal.
Jesuína Ribeiro
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terça-feira, outubro 12, 2004
Areia para os olhos...
Começo com uma ressalva: não ouvi ontem a mensagem de S.Ex.ª o Primeiro Ministro; mas aquilo que hoje os 'telejornais' da manhã deram a ver é suficiente.
Será que o Sr. Primeiro Ministro acredita mesmo naquilo que disse?! É que se assim for o caso é gravíssimo! Se não estou em erro, a principal caução constitucional deste governo é a continuação da política económica do anterior. Além disso, como é possível contradizer tão levianamente o que o seu Ministro das Finanças ainda há poucos dias havia avançado?
Mas será que S. Ex.ª não se dá conta da 'palhaçada' encenada ao mílimetro para parecer uma Mensagem Oficial!
A demagogia tem limites, Sr. Primeiro Ministro. Nem vou avançar sequer com argumentos de economia política: V. Ex.ª acredita mesmo que a maioria do Povo Português ainda vai em cantigas!? E pensa, por acaso, que a maioria dos eleitores alfabetizados não pensou que a sua comunicação ao País não passou do que em gíria popular se designa por "deitar areia para os olhos"?! Continue assim, que vai pelo bom caminho! Continue a fugir para a frente, sem olhar para o lado...
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Será que o Sr. Primeiro Ministro acredita mesmo naquilo que disse?! É que se assim for o caso é gravíssimo! Se não estou em erro, a principal caução constitucional deste governo é a continuação da política económica do anterior. Além disso, como é possível contradizer tão levianamente o que o seu Ministro das Finanças ainda há poucos dias havia avançado?
Mas será que S. Ex.ª não se dá conta da 'palhaçada' encenada ao mílimetro para parecer uma Mensagem Oficial!
A demagogia tem limites, Sr. Primeiro Ministro. Nem vou avançar sequer com argumentos de economia política: V. Ex.ª acredita mesmo que a maioria do Povo Português ainda vai em cantigas!? E pensa, por acaso, que a maioria dos eleitores alfabetizados não pensou que a sua comunicação ao País não passou do que em gíria popular se designa por "deitar areia para os olhos"?! Continue assim, que vai pelo bom caminho! Continue a fugir para a frente, sem olhar para o lado...
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segunda-feira, outubro 11, 2004
República das Bananas
Muito se tem escrito e falado nos últimos dias sobre uma eventual crise política, criada pelo denominado caso "Professor Marcelo versus TVI". Pelo que corro, desde logo, o risco de repetir algo já dito, mas como o cerne (não o cherne!) da questão é a liberdade de expressão, sinto-me no direito de expressar a minha opinião. Vou tentar ir por partes.
Apesar da gravidade da situação, este é sobretudo um caso inflacionado. Veja-se que o principal visado ainda nem sequer falou! E duvido muito que o mesmo tenha deixado de um dia para o outro de ser um homem livre... estará é a preparar mais um dos seus jogos políticos, sendo como é uma das mais velhas raposas da política portuguesa. Sinceramente não percebo como é que os socialistas caíram nesta esparrela e se têm estatelado em comentários exaltados e apressados. Enfim...
Contudo, o caso deve fazer-nos pensar. Aliás, é uma vergonha que o ministro não tenha ainda tido a hombridade de se demitir. Não há, em política pura, desculpas para tamanha incompetência. E todos os comentários laterais a favor e contra, assentes na comparação com tomadas de posições semelhantes de anteriores governantes só revelam a mediocridade política dos seus autores e um velho problema endémico da sociedade portuguesa: tentar justificar o mal próprio com um idêntico mal alheio...
Por fim, a hipotética berlusconização da comunicação social portuguesa! Será que essas mentes iluminadas conhecem a sociedade italiana? Ou só conhecem os aeroportos e hotéis de Roma, Florença e Milão? Mas querem comparar uma situação de monopólio privado com um eventual monopólio público, ou de intermediário maioritário público? Agora se me falarem dos métodos estalinistas de controlo da comunicação, aí sim, o nosso Primeiro Ministro é um clone do Presidente do Conselho de Ministros italiano.
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Apesar da gravidade da situação, este é sobretudo um caso inflacionado. Veja-se que o principal visado ainda nem sequer falou! E duvido muito que o mesmo tenha deixado de um dia para o outro de ser um homem livre... estará é a preparar mais um dos seus jogos políticos, sendo como é uma das mais velhas raposas da política portuguesa. Sinceramente não percebo como é que os socialistas caíram nesta esparrela e se têm estatelado em comentários exaltados e apressados. Enfim...
Contudo, o caso deve fazer-nos pensar. Aliás, é uma vergonha que o ministro não tenha ainda tido a hombridade de se demitir. Não há, em política pura, desculpas para tamanha incompetência. E todos os comentários laterais a favor e contra, assentes na comparação com tomadas de posições semelhantes de anteriores governantes só revelam a mediocridade política dos seus autores e um velho problema endémico da sociedade portuguesa: tentar justificar o mal próprio com um idêntico mal alheio...
Por fim, a hipotética berlusconização da comunicação social portuguesa! Será que essas mentes iluminadas conhecem a sociedade italiana? Ou só conhecem os aeroportos e hotéis de Roma, Florença e Milão? Mas querem comparar uma situação de monopólio privado com um eventual monopólio público, ou de intermediário maioritário público? Agora se me falarem dos métodos estalinistas de controlo da comunicação, aí sim, o nosso Primeiro Ministro é um clone do Presidente do Conselho de Ministros italiano.
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